sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Culinária


Até agora não tinha escrito nada das comidas. Talvez porque as da Bolívia em geral não convidem e eu tenha ficado ressabiado, talvez por preguiça mesmo. Mas o fato é que no Peru encontrei coisas que gostei muito. Em Lima matei minha saudade de ter uma cozinha e poder cozinhar. Finalmente pude comer um bife de verdade! Foi de verdade até demais. Comprei 400 gramas de carne argentina e preparei sem usar a faca - no ponto ideal: "jugoso".

Mas o melhor da cozinha Peruana, pelo menos que eu saiba, vem do mar e dessa maneira deliciosa de preparar as coisas que eles têm. Toda a comida é, em geral, muito picante. Mas não é qualquer picante. O Ceviche é o exemplo ideal. É extremamente picante e refreescante ao mesmo tempo. A mistura de limão, cebola e pimenta fermentada que cozinha, sem fogo, peixe e mariscos consegue ser, ao mesmo tempo, refrescante e queimar como fogo. ( E, quem me conhece, sabe que eu sou Baiano por adoçao em matéria de pimenta.) Essa combinação de sensações é, pelo que entendi, a principal característica da cozinha peruana. Tem umas sementinhas de milho, assadas e meio estufadinhas, mas antes de virar pipoca, que eles servem de aperitivo que também são ótimas.

Teve um dia que comprei conchas no supermercado e ficam ótimas (as "vieiras" ou "Coquille de St-Jacques" - as almejas ficaram uma merda). Por sinal, outro mérito da cozinha peruana. O Ceviche é a melhor forma de preparar as vieiras. Mantém toda a textura e suavidade originais. Aquele negócio vermelhinho que elas têm, que parece um fígado, fica um autêntico foi gras fresco. A mesma coisa acontece com o mexilhar, a lula e mesmo o peixe, que tem a vantagem sobre o japonês, de não ter de ser excelente para ficar uma delicia - coisa que no sashimi não existe. A bebida nacional, a Chicha Morada, não tem nada a ver, mas vai na mesma linha.

Em Lima eu achei tudo muito caro - também, fui ficar no "Leblon", em Miraflores. Mas aqui em Trujillo, uma cidade muito da sem graça, por sinal, os preços têm me deixado comer bem. Escrevo enquanto faço a digestão de um "fiesta del mar", prato com tudo que vem do mar que eles tinham no restaurante, que estava ótimo e custou uns 12 reais.

Outro aspecto importante da minha viagem culinária é que eu tenho um fraco: não posso ver um nome de comida que não conheça ou um prato anunciado como "típico" que eu como. Não perdoo. É a mesma coisa no supermercado. Comprei vários vegetais esquisitos e depois fiquei sem saber o que fazer com eles. Nessa mania de turista otário já comi um monte de porcaria nessa vida. Nesta viagem a pior foi sem dúvida o diabo do Cuy, um porquinho da índia super desenvolvido que eles comem aqui no Peru (ou pelo menos dão aos turistas otários). Em inglês o bicho se chama Guinea Pig e é a carne mais borrachuda, gordurosa e escaça que eu já comi. O pior é que era o prato mais caro do menu. Nessa linha também comi uma sobremesa que parecia um arroz doce feito com um genérico da quinua, que não estava assim tao mal, mas também não tinha graça e dezenas de pratos super apimentados. Mas já disse, sou naturalizado baiano.
Seguirei experimentando o que pintar.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Obaaaaa! quando voltar já sei que termos comidinhas peruanas feitas pelo João.
    Adorooooooo

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