22 e 23/12/2008
O ônibus do suplicio, merece esse nome. La flota es muy vieja... há janelas de vários tipos, umas abrem, outras não, poltronas meio rasgadas... Mas felizmente nós conseguimos comprar lugares sentados, ao nosso lado estão os que viajam en el pasillo.
Puxo assunto com o o homem que viaja ao meu lado e ele, um pedreiro gordo e amável, dita os rumos da conversa. Está voltando para Santa Cruz, onde vive. Esteve trabalhando na reforma de uns escritórios, contratado por um arquiteto que vive fugindo de lhe pagar o que deve - já quase 3 mil dólares.
La situación laboral en Bolivia está muy mal... en Puerto Quijaro todo es muy caro. ¡Nos explotan! ... mais adiante: Vés: es mucha treierra sin trabajar...pondrian da a los campesinos.
¿Y Evo?
Me parece bien.. - diz com cautela, estamos em Santa Cruz e eu sou branco e falo com o sotaque do colonizador - ... más empeza a hacer cosas. Recuperó los contratos de gás... En realidad, les quitó la mamadera a los que estavan acostumbrados al poder. Fala da reação do governo cruzeño e do assassinato de 25 camponeses em Pando (pelas forças contrárias ao governo). ¡Pero Morales los metió en la carcel! Haora ya no pueden hacer lo quieran... Evo tiene mucho apoyo en el continente, en Venezuela, Brasil.No pueden quitarlo.
Assim, na conversa do albañil, passamos pela não regulação do trabalho, carestia, reforma agrária, elites descoladas do restante da sociedade, dependentes do Estado, dependência internacional ... Todos temas dos movimentos sociais brasileiros no final dos anos 70. Fico com a pergunta na cabeça: está mesmo acontecendo algo especial na América do Sul? Há uma transformação silenciosa? O que para mim é claro é que, aqui na Bolívia, as "Veias abertas da América Latina" continuam bem abertas e o tipo de interpretação que parece já não ser suficiente par interpretar a realidade brasileira, ainda se aplica muito bem à realidade boliviana.
Chegamos a Santa Cruz bem cedo. Quase na entrada da cidade o ônibus teve que esperar por quase uma meia hora em uma fila porque a ponte da rodovia (na verdade a ponte é da ferrovia e foi adaptada com tábuas ao longo dos seus 300 metros para permitir também o uso rodoviário) só da passagem em um sentido de cada vez. Ficamos bem no centro da cidade, Dormitório Sta. Bárbara, 25 bolivianos cada (US$ 3,50), limpo e honesto. Como disse o Guilherme, é muito bom estar em um lugar que oferece o mínimo razoável.
Santa Cruz é uma cidade com um plano em grelha no centro, ao redor da praça onde fica a catedral e o palácio de governo, que depois assume um padrão radial, com três anéis viários concêntricos. Mas a cidade não é tão bem planejada e segregada como essa discrição (ou os mapas) sugerem. Fomos ao bairro chique - equipetrol - casarões luxuosos, universidades que parecem shopings (com a bênção de Sto. Agostinho) e o boulevard de bares e boites da moda que fazem a noite dos "chiquitos de papá". Depois vamos ao Mercado Mutualista, já fora do terceiro anel (e tem muita coisa fora do terceiro anel e dos mapas da cidade), onde se pode comprar livros baratos - na verdade xerox encadernadas de livros - trabalho profissional! Na realidade, nesse mercado, pode-se comprar tudo, o que inclui um porco inteiro pendurado pelos pés, eletrônicos, material de construção, etc. No maior camelódromo que eu já vi. De certa forma, todo o comércio da cidade se organiza assim, em ruas e lojas que vendem um monte de coisas misturadas.
O ônibus do suplicio, merece esse nome. La flota es muy vieja... há janelas de vários tipos, umas abrem, outras não, poltronas meio rasgadas... Mas felizmente nós conseguimos comprar lugares sentados, ao nosso lado estão os que viajam en el pasillo.
Puxo assunto com o o homem que viaja ao meu lado e ele, um pedreiro gordo e amável, dita os rumos da conversa. Está voltando para Santa Cruz, onde vive. Esteve trabalhando na reforma de uns escritórios, contratado por um arquiteto que vive fugindo de lhe pagar o que deve - já quase 3 mil dólares.
La situación laboral en Bolivia está muy mal... en Puerto Quijaro todo es muy caro. ¡Nos explotan! ... mais adiante: Vés: es mucha treierra sin trabajar...pondrian da a los campesinos.
¿Y Evo?
Me parece bien.. - diz com cautela, estamos em Santa Cruz e eu sou branco e falo com o sotaque do colonizador - ... más empeza a hacer cosas. Recuperó los contratos de gás... En realidad, les quitó la mamadera a los que estavan acostumbrados al poder. Fala da reação do governo cruzeño e do assassinato de 25 camponeses em Pando (pelas forças contrárias ao governo). ¡Pero Morales los metió en la carcel! Haora ya no pueden hacer lo quieran... Evo tiene mucho apoyo en el continente, en Venezuela, Brasil.No pueden quitarlo.
Assim, na conversa do albañil, passamos pela não regulação do trabalho, carestia, reforma agrária, elites descoladas do restante da sociedade, dependentes do Estado, dependência internacional ... Todos temas dos movimentos sociais brasileiros no final dos anos 70. Fico com a pergunta na cabeça: está mesmo acontecendo algo especial na América do Sul? Há uma transformação silenciosa? O que para mim é claro é que, aqui na Bolívia, as "Veias abertas da América Latina" continuam bem abertas e o tipo de interpretação que parece já não ser suficiente par interpretar a realidade brasileira, ainda se aplica muito bem à realidade boliviana.
Chegamos a Santa Cruz bem cedo. Quase na entrada da cidade o ônibus teve que esperar por quase uma meia hora em uma fila porque a ponte da rodovia (na verdade a ponte é da ferrovia e foi adaptada com tábuas ao longo dos seus 300 metros para permitir também o uso rodoviário) só da passagem em um sentido de cada vez. Ficamos bem no centro da cidade, Dormitório Sta. Bárbara, 25 bolivianos cada (US$ 3,50), limpo e honesto. Como disse o Guilherme, é muito bom estar em um lugar que oferece o mínimo razoável.
Santa Cruz é uma cidade com um plano em grelha no centro, ao redor da praça onde fica a catedral e o palácio de governo, que depois assume um padrão radial, com três anéis viários concêntricos. Mas a cidade não é tão bem planejada e segregada como essa discrição (ou os mapas) sugerem. Fomos ao bairro chique - equipetrol - casarões luxuosos, universidades que parecem shopings (com a bênção de Sto. Agostinho) e o boulevard de bares e boites da moda que fazem a noite dos "chiquitos de papá". Depois vamos ao Mercado Mutualista, já fora do terceiro anel (e tem muita coisa fora do terceiro anel e dos mapas da cidade), onde se pode comprar livros baratos - na verdade xerox encadernadas de livros - trabalho profissional! Na realidade, nesse mercado, pode-se comprar tudo, o que inclui um porco inteiro pendurado pelos pés, eletrônicos, material de construção, etc. No maior camelódromo que eu já vi. De certa forma, todo o comércio da cidade se organiza assim, em ruas e lojas que vendem um monte de coisas misturadas.